3 de Janeiro, 2020

Portugueses dispostos a pagar por Gmail e Google Maps

A consultora Boston Consulting Group e a empresa de estudos de mercado Netsonda concluíram que o excedente do consumidor, gerado anualmente pela utilização gratuita de produtos Google, seja de 9 mil milhões de euros.

Cada português (adulto e utilizador de internet) estaria disposto a pagar 1.400 euros anuais caso aplicações como o Gmail ou o Google Maps, que atualmente são gratuitas, passassem a ser pagas, segundo as conclusões de inquérito da Boston Consulting Group (BCG) e da empresa de estudos de mercado Netsonda.

Segundo o estudo “O impacto da Google em Portugal”, face a estes números, o excedente do consumidor (gerado todos os anos pela utilização gratuita de produtos Google) atinge os 9 mil milhões de euros. “Apesar de o acesso ser gratuito, os clientes valorizam significativamente os serviços da Google”, asseguram os especialistas da consultora norte-americana.

A BGC mediu a disponibilidade hipotética para começar a desembolsar por ferramentas como o YouTube ou até o Google Chrome e apercebeu-se de que, por exemplo, o famoso Google Search foi avaliado em 660 euros anuais, o equivalente à despesa anual per capita em saúde. Logo depois surge o Gmail, pelo qual os inquiridos dariam 415 euros. Já ao sistema Android foi atribuído um valor anual de 372 euros por utilizador e ao YouTube 192 euros por ano.

Porque é que os portugueses gastariam mais de 600 euros por este motor de busca? Porque não abdicariam de pesquisar na internet, quer a nível doméstico quer profissional, e porque quase toda a população internauta (98%) opta por esta marca quando chega ao smartphone ou ao portátil e começa a procurar informação.

Ao nível das organizações, as estimativas apontam para um impacto económico de 2,5 mil milhões de euros da Google em Portugal, por via das receitas que as empresas nacionais obtém com os seus produtos. Se tivermos em conta os produtos de publicidade e pesquisa da empresa, o impacto ronda os 2.530 milhões de euros.

A análise da BCG, cujos resultados foram divulgados esta sexta-feira na Nova School of Business & Economics (Nova SBE), em Carcavelos, demonstrou também que existem 71 mil empregos equivalentes – i.e. associados ao trabalho com a empresa da Alphabet, ainda que não diretamente criados pela mesma.

De acordo com a consultora norte-americana, esta gigante tecnológica está também a “trazer a realidade para as mãos dos portugueses”, que, ao pesquisarem nesta plataforma diversas ao longo do dia [em muitos casos o separador inicial no computador é mesmo esse], acabam por aprender mais. “A Google está a capacitar as novas gerações”, explica o estudo.

“Pela relevância da sua presença e impacto, a Google pode ser um parceiro muito importante para capacitar Portugal a competir numa economia cada vez mais globalizada e mais digital”, sublinham os autores (Eduardo Bicacro, Dominic Field, Miguel Abecasis e Pedro Pereira).