19 de Abril, 2021

Portugueses solidários: um balanço de 2020, entre a generosidade e o constrangimento

Estudo Netsonda em parceria com a Sair da Casca sobre a solidariedade em Portugal

Um inquérito aos portugueses sobre as suas práticas de solidariedade em 2020, promovido pela Sair da Casca e a Netsonda, permitiu um retrato contrastado e às vezes surpreendente sobre a “generosidade” nacional. Primeira conclusão preocupante (até porque a prática “não custa nada”): 61% dos participantes não costuma aplicar a consignação de 0,5% do IRS liquidado em favor de uma entidade (associação caritativa, cultural etc.). Os mais velhos tendem a aplicar a consignação do IRS mais frequentemente do que os mais novos. Claramente ainda existe muito trabalho de comunicação e informação para desenvolver, principalmente entre as gerações mais novas.

Em relação à prática do voluntariado, 65% das pessoas não costumam envolver-se e 18% dos que são voluntários tiveram de desistir por causa da pandemia. Apenas 12% são voluntários regulares. Dados consistentes com outros estudos existentes, que refletem dificuldade em conciliar a dimensão profissional e pessoal: 40% dos inquiridos tiveram de dar mais apoio a familiares no ano passado. O que reforça a importância das empresas fomentarem o voluntariado corporativo e das escolas fortalecerem esta dimensão nos seus projetos de educação para a cidadania.

Em 2020, 17% dos portugueses foram mais generosos nos seus donativos e 23% deram mais bens (alimentos, etc.). Curiosamente, os mais novos tendem a fazer mais donativos e os mais velhos a oferecer mais bens. De notar que nas várias dimensões do estudo, não há diferença de atitudes entre homens e mulheres, mas sim entre as diferentes classes de idade. 34% não conseguiram contribuir porque a sua própria situação não o permitiu e aqui, sim, temos uma diferença entre homens e mulheres: 30% dos homens VS 38% das mulheres não puderam participar em campanhas de angariação.

No que diz respeito à família, os jovens foram mais solicitados ou acharam que deviam dedicar mais tempo e atenção: 46% da faixa dos 18/24 anos deram mais apoio aos seus familiares, mas para a população em geral, 50% confirma que manteve uma situação igual a anos anteriores. E 10% das pessoas tiveram de apoiar financeiramente